Homem e sociedade!

Abelhas, formigas e outros animais vivem em sociedade. Se entre alguns mamíferos nossa ciência constatou uma organização social que gira em torno do macho alfa a sociedade das abelhas tanto quanto a das formigas gira ao redor da rainha. Há pouca mobilidade de castas entre as sociedades animais, senão nenhuma. Entre os mamíferos qualquer macho pode desafiar o alfa e se assim for sucedê-lo. Ainda que existam diferenças de modelo entre sociedades animais o que não falta a nenhuma delas é a cooperação. A competição somente se dá na sucessão de poder, no restante é cooperação. Ai reside uma diferença muito básica entre a sociedade humana e a animal. Enquanto em sociedades animais as relações são naturais, na sociedade humana ela é cultural. Nossa cultura nos moldes atuais estimula a competição e tem como justificativa que a competição gera darwinianamente evolução. A meu ver isso é só justificativa ideológica. Hoje em dia é comum as empresas solicitarem aos seus headhunters profissionais criativos. No fundo isso é uma balela. O que as empresas querem realmente são pessoas que saibam usar da criatividade para resolver os mesmos problemas antigos. E convenhamos criatividade, se bem utilizada é para propor novidade e não modos de resolver problemas antigos. A competição gera para empresas profissionais ´adaptados´ ao mundo corporativo. 

Pessoas que sabem adaptar-se ao jogo do mundo corporativo. Honestamente, pessoas realmente criativas não são bem vindas. Elas vão propor mudanças no jogo, mudanças evolutivas, mas talvez não competitivas. Mudança evolutiva na maior parte das vezes exigirá investimento, mudanças de postura, mudanças no jogo do poder e isso é ruína para quem está no poder. Mudanças evolutivas, nem sempre são num primeiro instante lucrativas embora possam produzir grandes benefícios para a sociedade podem não produzir para o empresário. Ao menos não ao empresário que visa o lucro e não o objetivo social. Toda empresa, em tese, deveria cumprir um papel social. Cooperar para o beneficio da sociedade, mas nossa cultura fomenta a competição e o lucro. A vantagem competitiva. O problema é que nessa cultura o sucesso é feito de vitória e a vitória pressupõe derrotados, todos os outros. Uma hora ou outra você será o derrotado. Estão todos buscando a vitória e o sucesso, mas esse jogo necessita de fracassados em maior número, para que poucos vençam. Não faz o menor sentido, ao menos para esse jogo, que todos vençam!

Por outro lado sabemos que isso não é natural, mas cultural. E cultura é forjada pelo próprio ser humano. Quanto mais cedo as empresas descobrirem o jogo da cooperação, menor será o risco de ser derrotada. Na cooperação não há derrotados. Na cooperação todos saem ganhando. Isso pode ser difícil de aceitar para quem está ganhando ou quem esta quase chegando lá, mas o fracasso é inevitável, é matemático. Enquanto só você e alguns poucos pagos por você estão lutando pela sua vitória, pelo seu sucesso. Todos os outros estão lutando pelo seu fracasso. Isto é pelo seu próprio sucesso pessoal que pressupõe fracasso do outro (e este é você).
E olhe que nem sempre sucesso significa sucesso mesmo. Vejam a situação da história recente dos Estados Unidos: Vários banqueiros lucraram horrores com a inadimplência nas hipotecas. Embolsaram tudo o que havia sido pago pelos hipotecados e ainda se tornaram donos de uma porção de casas. Bairros inteiros! E uma porção de gente morando em barracas de camping, sem trabalho, sem como pagar suas hipotecas. Todavia, os vitoriosos ficaram com um baita mico na mão. Um monte de imóveis e ninguém que pudesse pagar por eles. Claro que essa visão precisaria ser analisada em maiores detalhes que não cabem num pequeno post, mas o mundo todo perdeu horrores, por conta de uns poucos vitoriosos que nem puderam gozar de sua própria vitoria. Grosso modo a crise recente dos Estados Unidos aconteceu desse modo.
Por outro lado observamos à todo instante iniciativas sociais que fomentam, as cooperativas em pequenas comunidades e essas comunidades prosperam. Todos juntos!

O objetivo final desse post é só lançar uma ideia que nem é nova. Não é responder nada, mas de deixar uma pergunta no ar: Estamos satisfeitos com o estilo de sociedade forjada por nossa cultura? A sorte é que se trata de cultura e se a resposta for negativa podemos começar o processo de transformação de nossa cultura, assim que nos dermos conta do que queremos para nós. Para tanto precisamos ver o que queremos: competição ou cooperação?   

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