Os Efeitos da Monetarização.
Eram-se os tempos em que a economia girava em torno do produtivo!
Nos anos de JK, o boom da indústria produziu além de produtos industrializados nacionais, também “novos ricos” nacionais. A economia produziu frutos e estes frutos produziram bens, materiais, econômicos e sociais, embora se estivesse como ainda hoje se está longe de se solucionar os problemas das discrepâncias econômico-sociais. Mais para frente ganhou força o comercio. A indústria produzia e o comercio incumbia-se de escoar a produção até o seu consumidor final. A zona franca de Manaus fincou a bandeira nacional onde era terra de ninguém e atraiu como ainda hoje atrai, por conta dos atrativos fiscais, inúmeras indústrias brasileiras e multinacionais. Nos idos de 1970, aparecem os primeiros Shoppings Centers, deslocando o comercio para outros pontos além dos centros, embora as grandes lojas de departamentos como Mappin, Sears, e Mesbla ainda atraíssem, sobretudo em datas comemorativas, um grande público que entrava de mãos abanando e saia com produtos e os famosos ‘carnês’. A economia seguia o seu ritmo, mesmo apertada pela morsa da inflação.
Nos anos 80, com a derrocada do regime militar e a democratização, unidas a patacoadas econômicas de vários tipos a inflação galopa feito um corcel puro sangue, à frente de todos e a ECONOMIA ganha status privilegiado. Aplicações financeiras eram quase que obrigatórias para não permitir que a inflação corroesse a lucratividade. Os estoques minguaram, pois mercadoria na prateleira não rendia juros, nem dividendos, nem correção monetária. Os bancos, oportunamente lançavam produtos que ‘protegiam’ os industriais e comerciantes, contra a corrosão monetária. Over-Nigth, Open-Market, letras de câmbio, os mais diversos subterfúgios para não correr o risco de colocar uma cédula no bolso e vela diminuída ao retirá-la do mesmo. Mesmo os profissionais e as profissões deslocaram seu norte. Os melhores empregos que antes moravam nas indústrias multinacionais, agora, sem caminhão nem nada, passaram a morar nos bancos e quem não experimentou esta mudança pode ter experimentado morar no banco ‘da praça’. As empresas do setor financeiro absorviam mão de obra e serviços aos borbotões, os melhores computadores, as melhores tecnologias deslocavam-se para este setor. A competitividade no setor bancário fazia o homem escravo dos próprios prazos para o lançamento de algum produto ou propaganda. O mercado descobriu a bolsa de valores, o Dólar e a criatividade especulativa foi muito bem remunerados. O empresário, ou administrador que sabia jogar com o mercado financeiro fazia a empresa prosperar, independente de que produto ela produzisse ou comercializasse.
Com o fim da inflação algumas empresas tiveram de encarar uma condição mais Real. Muitas fecharam, outras modificaram sua forma de agir, sobretudo após o ‘Código de Defesa do Consumidor’. A maquininha de remarcação de preços caiu em desuso e quase foi extinta sem que os ambientalistas fizessem campanha qualquer.
A globalização e as mega-fusões vieram bagunçar mais o nosso sofrido mercado. Profissionais com anos de empresa, com um nome a zelar foram, num passe de mágica, transformados em um número a mais após uma ou outra grande fusão. Conglomerados financeiros prosperaram e hoje absorvem um grande percentual do mercado de trabalho.
Bancos, cartões de crédito, seguros, financeiras emprestando dinheiro a qualquer um que possa ser seduzido a um empréstimo, seguradoras, consórcios, previdência privada, ufa!
O mercado gira entorno do dinheiro, pelo dinheiro, para o dinheiro e por mais dinheiro.
Até o próprio setor produtivo se rendeu ao dinheiro! Suprido o mercado ele inventa uma nova demanda, uma nova moda para que o consumo possa gerar mais e mais dinheiro. Quando o consumidor não precisa comprar mais nada, nós fazemos ele precisar de alguma coisa. A propaganda é fera nisso! Costumo dizer que muito melhor do que um psicólogo, um profissional de propaganda conhece a subjetividade do ser humano e sabe jogar com ela para lá e para cá.
O problema é que estes fenômenos acabaram por colocar a carroça na frente dos burros!
O dinheiro que originalmente era um ‘meio’ para se conseguir ‘algo’, tornou-se ‘fim’, em-sí. Perdemos a noção do ‘algo’ diferente do próprio dinheiro. Compramos sem a menor necessidade.
Quando era criança eu ia para o fundo do quintal de casa, colocava uma bacia destas de roupa virada com a boca para baixo, deixava uma abertura com um gravetinho qualquer e nele amarrava um barbante e me escondia, colocava grãos de milho embaixo do que chamávamos de ‘arapuca’ e quando as pombinhas seduzidas pela boca livre, apos a passagem do período de espanto entravam embaixo da arapuca então! Bingo! Eram capturadas. Depois eu as soltava. Hoje em dia as lojas de shopping nos fazem a mesma coisa. Armam arapucas que o consumidor rodeia, rodeia, mas acaba caindo e com a maior facilidade a financeira, que já está no lugar oportuno, puxa o barbante.
O mundo das grandes corporações também é afetado por inúmeros efeitos colaterais destes fenômenos. Os profissionais trabalham sem a devida motivação, pois não vêem nada de nobre no que fazem. A finalidade do seu esforço volta-se tão somente para o dinheiro e pelo dinheiro que nem é para eles. Falta um propósito, um sentido de direção e de fim que realmente valha a pena. Ele é incentivado a desempenhar mais e mais e sua recompensa também é o dinheiro, mesmo que este seja bem menos. Então ele busca um sentido para ele mesmo. O consumo! Que retro-alimenta o sistema de forma alienante.
A proposta não é dar um ou mais passos para trás, mas questionar o sentido de tudo isso. É deliberadamente reorganizar nossa cadeia de valores de modo a que nossos objetivos, pelo menos pessoais, ganhem um quê a mais de reputação. Que nós tenhamos uma resposta convincente para a pergunta: Para que eu acordei esta manhã?
Nos anos de JK, o boom da indústria produziu além de produtos industrializados nacionais, também “novos ricos” nacionais. A economia produziu frutos e estes frutos produziram bens, materiais, econômicos e sociais, embora se estivesse como ainda hoje se está longe de se solucionar os problemas das discrepâncias econômico-sociais. Mais para frente ganhou força o comercio. A indústria produzia e o comercio incumbia-se de escoar a produção até o seu consumidor final. A zona franca de Manaus fincou a bandeira nacional onde era terra de ninguém e atraiu como ainda hoje atrai, por conta dos atrativos fiscais, inúmeras indústrias brasileiras e multinacionais. Nos idos de 1970, aparecem os primeiros Shoppings Centers, deslocando o comercio para outros pontos além dos centros, embora as grandes lojas de departamentos como Mappin, Sears, e Mesbla ainda atraíssem, sobretudo em datas comemorativas, um grande público que entrava de mãos abanando e saia com produtos e os famosos ‘carnês’. A economia seguia o seu ritmo, mesmo apertada pela morsa da inflação.
Nos anos 80, com a derrocada do regime militar e a democratização, unidas a patacoadas econômicas de vários tipos a inflação galopa feito um corcel puro sangue, à frente de todos e a ECONOMIA ganha status privilegiado. Aplicações financeiras eram quase que obrigatórias para não permitir que a inflação corroesse a lucratividade. Os estoques minguaram, pois mercadoria na prateleira não rendia juros, nem dividendos, nem correção monetária. Os bancos, oportunamente lançavam produtos que ‘protegiam’ os industriais e comerciantes, contra a corrosão monetária. Over-Nigth, Open-Market, letras de câmbio, os mais diversos subterfúgios para não correr o risco de colocar uma cédula no bolso e vela diminuída ao retirá-la do mesmo. Mesmo os profissionais e as profissões deslocaram seu norte. Os melhores empregos que antes moravam nas indústrias multinacionais, agora, sem caminhão nem nada, passaram a morar nos bancos e quem não experimentou esta mudança pode ter experimentado morar no banco ‘da praça’. As empresas do setor financeiro absorviam mão de obra e serviços aos borbotões, os melhores computadores, as melhores tecnologias deslocavam-se para este setor. A competitividade no setor bancário fazia o homem escravo dos próprios prazos para o lançamento de algum produto ou propaganda. O mercado descobriu a bolsa de valores, o Dólar e a criatividade especulativa foi muito bem remunerados. O empresário, ou administrador que sabia jogar com o mercado financeiro fazia a empresa prosperar, independente de que produto ela produzisse ou comercializasse.
Com o fim da inflação algumas empresas tiveram de encarar uma condição mais Real. Muitas fecharam, outras modificaram sua forma de agir, sobretudo após o ‘Código de Defesa do Consumidor’. A maquininha de remarcação de preços caiu em desuso e quase foi extinta sem que os ambientalistas fizessem campanha qualquer.
A globalização e as mega-fusões vieram bagunçar mais o nosso sofrido mercado. Profissionais com anos de empresa, com um nome a zelar foram, num passe de mágica, transformados em um número a mais após uma ou outra grande fusão. Conglomerados financeiros prosperaram e hoje absorvem um grande percentual do mercado de trabalho.
Bancos, cartões de crédito, seguros, financeiras emprestando dinheiro a qualquer um que possa ser seduzido a um empréstimo, seguradoras, consórcios, previdência privada, ufa!
O mercado gira entorno do dinheiro, pelo dinheiro, para o dinheiro e por mais dinheiro.
Até o próprio setor produtivo se rendeu ao dinheiro! Suprido o mercado ele inventa uma nova demanda, uma nova moda para que o consumo possa gerar mais e mais dinheiro. Quando o consumidor não precisa comprar mais nada, nós fazemos ele precisar de alguma coisa. A propaganda é fera nisso! Costumo dizer que muito melhor do que um psicólogo, um profissional de propaganda conhece a subjetividade do ser humano e sabe jogar com ela para lá e para cá.
O problema é que estes fenômenos acabaram por colocar a carroça na frente dos burros!
O dinheiro que originalmente era um ‘meio’ para se conseguir ‘algo’, tornou-se ‘fim’, em-sí. Perdemos a noção do ‘algo’ diferente do próprio dinheiro. Compramos sem a menor necessidade.
Quando era criança eu ia para o fundo do quintal de casa, colocava uma bacia destas de roupa virada com a boca para baixo, deixava uma abertura com um gravetinho qualquer e nele amarrava um barbante e me escondia, colocava grãos de milho embaixo do que chamávamos de ‘arapuca’ e quando as pombinhas seduzidas pela boca livre, apos a passagem do período de espanto entravam embaixo da arapuca então! Bingo! Eram capturadas. Depois eu as soltava. Hoje em dia as lojas de shopping nos fazem a mesma coisa. Armam arapucas que o consumidor rodeia, rodeia, mas acaba caindo e com a maior facilidade a financeira, que já está no lugar oportuno, puxa o barbante.
O mundo das grandes corporações também é afetado por inúmeros efeitos colaterais destes fenômenos. Os profissionais trabalham sem a devida motivação, pois não vêem nada de nobre no que fazem. A finalidade do seu esforço volta-se tão somente para o dinheiro e pelo dinheiro que nem é para eles. Falta um propósito, um sentido de direção e de fim que realmente valha a pena. Ele é incentivado a desempenhar mais e mais e sua recompensa também é o dinheiro, mesmo que este seja bem menos. Então ele busca um sentido para ele mesmo. O consumo! Que retro-alimenta o sistema de forma alienante.
A proposta não é dar um ou mais passos para trás, mas questionar o sentido de tudo isso. É deliberadamente reorganizar nossa cadeia de valores de modo a que nossos objetivos, pelo menos pessoais, ganhem um quê a mais de reputação. Que nós tenhamos uma resposta convincente para a pergunta: Para que eu acordei esta manhã?
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