Não basta ser competitivo! - I
Estamos vivendo uma época chamada de Nova era ou era de Aquário. Respira-se em todos os cantos ares esotéricos. Empresas buscando auxilio no Feng Shui, salas de descompressão com música new age, incenso, sons de fonte, tudo para adequar o clima!
Por outro lado, nas conversas do cafezinho assuntos escatológicos: calendário Maia, terremotos, chuvas como nunca se viu e uma porção de outras coisas que dependendo de como se olha pode causar calafrios até nos mais céticos. Não é nosso intuito fazer quaisquer julgamentos, estamos apenas constatando o que está à nossa volta. O que vamos discutir nesse post é outra mudança alardeada na nova era: Revisão de valores e de postura e tomada de consciência!
Por todos os lados somos solicitados a rever nossa postura perante a vida. Rever os valores que até então guiaram nossas mais freqüentes ações. Até nossa avaliação sobre nossos pares, gerentes, diretores, fornecedores, subordinados estão fadadas a transmutação. Embora a divisão do trabalho possa, em geral, nos retirar a visão do todo de nossa atividade produtiva, o profissional sabe, senão racionalmente ao menos intuitivamente, qual o valor do seu trabalho para a sociedade. É patente a dificuldade de motivação em trabalhadores de empresas que tem seu negócio girando em torno do dinheiro, como bancos, cartões de crédito e congêneres. Essa falta de motivação deve-se, à seguinte questão formulada mesmo que de modo inconsciente por cada colaborador: Qual o valor que meu trabalho agrega à sociedade? Podemos utilizar de modo bastante criativo nossa imaginação para dar as mais inusitadas respostas para essa pergunta, mas a rigor não há uma resposta sequer capaz de motivar um colaborador a doar-se senão pela sua remuneração. Encontrado o primeiro ponto crítico!
O segundo ponto crítico e que atinge não somente uma fatia de empresas, mas todas elas, é seu papel social. Toda empresa precisa ter por escrito o seu objetivo social. Virou moda para muitas empresas definir visão, missão da empresa, valores, mas honestamente o que vemos é algo bastante incipiente. Tendo muito conhecimento e mesmo paixão sobre o assunto, confesso que apenas uma única empresa fez um trabalho digno de nota. O restante não passava ou de apensa palavras postas em seus meios de comunicação, ou muito pior, faziam emergir condutas desprezíveis por conta de uma missão tanto mal definida tanto quanto mal redigida.
Fato é que não é nem um pouco comum uma empresa ter consciência de seu papel social. Ante à menor crise, ainda hoje tem-se por solução a redução de pessoal. Sem qualquer tipo de critério efetivamente social. Que se leve em consideração vez por outra se o dispensado tem família ou outros critérios muito mais subjetivos. O que conta mesmo é que nessas horas surge a oportunidade de nos livrarmos de desafetos, a oportunidade de justificar um erro administrativo cortando a cabeça de alguém que cometeu um erro. Que se diga que essa conduta é mais fruto de indivíduos que dada sua particularidade não representam efetivamente a empresa, seria até justificável, não fosse esse tipo de conduta ser mais regra do que exceção.
O ponto crítico central é que não se leva, no mais das vezes, em consideração o papel social de uma empresa. E isso se deve ao fato de que efetivamente não se sabe fazer isso. Nunca se soube e nunca houve o interesse nisso. Ocorre que agora numa sociedade conectada cada qual dessas ações reverbera para além das paredes do escritório. Redes sociais trazem a público todo tipo de mazelas e ainda não sabemos que resultados irão proporcionar. Determinados tipos de conduta podem decretar os rumos de um produto ou de uma empresa como nunca antes ocorreu. Não se trata somente de zelar para que as besteiras venham a tona ou ficar de olho nas redes sociais para ver o que estão dizendo. Trata-se de repensar nossa postura, nossa conduta frente às situações. A tomada de consciência vai ganhar espaço e não mais bastará ser competitiva. Será preciso ter sensibilidade social. Não estamos falando de cultuar uma imagem perante a sociedade, mas ter mais sensibilidade e responsabilidade. Determinadas condutas antes contemporizadas pelo corporativismo e que eram verdadeiras chagas encobertas. Mais cedo ou mais tarde virão à tona.
O que fazer?
Dedicaremos os próximos post’s exatamente a responder essa pergunta.
Jadir Mauro Galvão
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