A importância e a peculiaridade da máquina ‘homem’, na produtividade das empresas!


Estamos no início do século XXI, momento em que as tecnologias, sobretudo da informação estão em franca ebulição. A cada momento as empresas são “obrigadas” a se atualizar tecnologicamente, metodologicamente, procurando se adequar às exigências do fervilhante mercado. As metodologias e as diversas políticas de qualidade estão em voga, roubando o tempo, o foco e porque não dizer, o sono de muitos a todo o momento. Se um equipamento já não se adequar às necessidades prementes, simplesmente buscamos no mercado outro, mais versátil, ou mais especialista, ou mais produtivo, ou mais robusto, ou mais... Não importa, trocamos!
Com a `máquina homem` este processo não é simples assim, embora, grande parte das vezes o mecanismo adotado é o mesmo. Troca-se!
O homem é dotado de variáveis que fogem ao controle. Precisamos considerar os aspectos: motivação, interesse, objetivos próprios, auto-estima, saúde do individuo, o risco que este pode nos oferecer no caso de uma decisão inadequada. Imagine um piloto de avião, por exemplo! Mas o problema é que em algumas vezes o critério adotado tanto para os equipamentos inanimados quanto para os “animados” e até para os desanimados é o mesmo: A produtividade!

Para a máquina podemos trocar peças defeituosas, no homem não! Ligar a máquina em um final de semana, tudo bem, mas para o homem a coisa é diferente. Existem filhos, compromissos, descanso rotina, inúmeros fatores que são postos de lado em prol do “resultado”, da produtividade.

Este resultado é o “grande senhor” que rege nossas vidas! Se atingirmos o resultado: Vitória! Se não: Fracasso! Se produzimos nos sentimos dignos, com a auto-estima elevada, senão...
Ocorre que disso, muitas vezes, depende nosso sentimento de dignidade, de auto-estima, nos sentimos desprezíveis, com medo, se não estamos “produzindo”.
Uma passagem de uma música do saudoso Gonzaguinha retrata muito bem isto que estamos falando: 

“...o homem se humilha; se castram seus sonhos;  seu sonho é sua vida, e a vida é o trabalho; e sem o seu trabalho; um homem não tem honra... não dá pra ser feliz...”.

Mas, o mercado serve à vida ou a vida serve ao mercado?

Ocorre aqui uma inversão de prioridades. O que deveria estar atuando com vistas ao bem-estar, acaba provocando um mal-estar. Em busca da satisfação do ‘cliente’, estressamos os profissionais, que no mais das horas é o próprio ‘cliente’ e este mesmo torna mais severo com seu grau de exigência.
O trabalho se transforma no sacrifício diário que somos obrigados a fazer em prol de um status conquistado e aquilo que deveria ser o exercício do nosso talento com vistas ao bem da sociedade se transforma em dura e cruel competição. Seu companheiro de trabalho, que deveria ser seu colega, transforma-se em concorrente e as mais vis atitudes são contemporizadas tendo em vista esta premente guerra.
Mas não é, como poderia parecer, uma atitude com a qual a classe dominante nos impinge contra a nossa vontade. É decisão pessoal! Se pararmos para analisar “friamente”, conseguimos perceber o quanto a nossa conduta diária se encontra sutilmente contaminada por este paradigma e nossos comportamentos se encontram forrados por estes erros de processo, de tal forma que soa como sendo a coisa mais natural do mundo.
O homem acaba por se desumanizar, ou porque não dizer acaba por se “animalizar”.
Aquele companheiro de equipe, quando não está, por um motivo ou outro qualquer, produzindo a contento, pode se transformar em um risco à produtividade da equipe e, portanto, a minha, colocando em risco a nossa reputação e porque não dizer nosso emprego. Portanto despedi-lo pode ser a “melhor solução”. Para o benefício de “todos”.
Em algumas experiências, andando de ônibus em pleno horário de pico, tive a oportunidade de ver as pessoas se auto-submetendo a condições sub-humanas, só para chegar mais cedo em casa!
Vamos traçar um círculo vicioso:
Uma pessoa se esqueceu de enviar um documento para uma apresentação que vai ocorrer às 14 horas. Chega as 12:30 h e ela pede um motoboy com urgência, para levar o documento ao destino previsto. As 13:30 sua amiga chega do almoço no shopping se queixando que um ‘maluco’ de um motoboy a fechou sem motivo algum quebrando o seu espelhinho retrovisor, correndo como um louco. Passou pela concessionária para ver se encontrava outro e ninguém a atendeu, pois estavam quase todos almoçando rapidamente, pois haveria uma apresentação e a maioria tinha sido convocada para assistir. A fila de clientes estava enorme e deixaram somente um ‘lerdo’ atendendo!
Este e um quadro que se apresenta de forma cotidiana em nossas vida, desta forma ou de forma análoga.
O despotismo da produtividade entremeia nossos comportamentos, mina nossas capacidades, contamina nossos pensamentos e desnutre nossa identidade e deteriora nossas relações. E não há pílulas como antídoto! E uma questão de posicionamento ante a vida!
A autoridade do cronograma nos priva de vivências ímpares com nossos familiares, isso sem contar o disseminado, embora inócuo, método de alívio de stress que é ficar frente à TV vendo a novela das 8:00 ou seja lá a hora em que comece.
Estamos nos tornando ‘Mecanismos Vivos’! Autômatos com enorme potencial mental em Stand-By. Por sorte a lei do uso e desuso de Lamark não vingou, no entanto Darwin cravou uma estaca em nossa personalidade frágil e por isso agradecemos em nossas preces diárias não ter sido engolido por algum tiranossauro rex de algum chefe desumano
Uma mudança de atitude frente a isso pode gerar uma grande dor de cabeça, pois estaria remando contra a maré e no mundo corporativo este tipo de comportamento e punível com demissão, mas não mudar é perenizar e mais do que isso avalizar o status quo e ser cúmplice desse crime. A proposta não é ao estilo sindical com ameaças de greve ou coisa que o valha, mas sim uma solicitação premente ao repensar, um reposicionar-se perante a vida e ao outro. Estimular menos a competitividade insalubre substituindo-a por uma busca constante pela excelência pessoal.

È necessário um substancial senso de competência e uma alta auto-estima para questionar a autoridade do cronograma e inserir a humanidade entre os frios números e ultrapassar o que costumo chamar de ‘Hipocrisia institucionalizada‘, onde acabamos por desprezar a realidade, confiando mais nas instituições burocráticas profundamente abstratas e sem o menor sentido. Nos transformamos em animais teóricos! A luta pela sobrevivência é simplesmente para estar com a razão e, sobretudo estar dentro do prazo! 

Não se trata de romper, de virar as costas para tudo isso, sair do jogo não mudas as regras! Mas de jogar o mesmo jogo visando outros objetivos e métodos mais humanos. No mundo competitivo estaremos em desvantagem e exatamente por isso precisamos ter mais senso de competência. Para jogar o mesmo jogo de outro modo e com outra finalidade.

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