Onde tudo começou e onde queremos chegar!


A época que precedeu a revolução industrial era orquestrada por duas grandes forças: A Igreja e a nobreza. As iniciativas de ordem privada ficavam restritas a uma agricultura de subsistência e a manufaturas fundamentalmente artesanais como a de ferreiros, alfaiates e pequenos produtores.
Pequenas monarquias, na medida em que foram se organizando em Estados foram também promovendo uma liberalização de iniciativas privadas. O crescimento das descobertas científicas como a máquina a vapor fizeram surgir uma nova ordem de iniciativa: as indústrias. A disputa entre indústrias de estados concorrentes promoveu uma corrida por ganho de escala e barateamento dos custos de produção. Durante um bom tempo as indústrias formaram poderosas instituições, maiores e mais poderosas que muitos dos antigos reinos. Mesmo hoje ainda cumprem um papel de bastante destaque.
Mas vale destacar que a iniciativa privada surge num momento bastante recente da história do homem e assumem um papel decisivo no progresso que fez a humanidade transformar suas viagens a cavalo para uma época onde em poucas horas se dá a volta ao mundo ou em alguns cliques falamos com qualquer parte dele.
Vale também dizer que embora a tônica fosse sempre a do lucro as empresas privadas promoveram um grande desenvolvimento social. Uma época monárquica, onde a educação era fundamentalmente religiosa, a propriedade era cedida a alguns e onde os signos distintivos da época ficavam restritos a poucos e escolhidos aristocratas a ascensão social não era prerrogativa privada senão concessão monárquica. A queda da bastilha derrubou cabeças, tanto quanto os muros que impediam a mobilidade nos diversos estratos sociais. Os caracteres distintivos agora eram outros. Menos importante agora um título de nobreza e mais a posse das condições de produção de bens. Menos importante as terras e mais importante a informação. Crescimento agora é menos questão de berço e mais de empenho e dedicação.
Nos últimos anos, a indústria se mecaniza sistematicamente e a demanda por mão de obra reduz sensivelmente. Há, com isso, outro grande ganho. As atividades mais extenuantes que antes eram feitas com grande esforço físico por trabalhadores ou escravos agora pode ser atenuada com a mecanização e robotização. Seguindo essa trilha era de se esperar que coubesse ao homem agora uma acentuada redução de jornada de trabalhos e um maior acesso ao laser ou a cultura. Todavia não é esse o registro que temos dos dias atuais.
 O edifício conceitual do capitalismo moderno une elementos que se tomados em separado são bastante sensatos, mas quando unidos formam um molho bastante explosivo. Nada contra o lucro ou a propriedade privada, tampouco com a acumulação de recursos, mas quando tudo isso vem junto com uma competitividade desenfreada, uma especulação sem produção e uma individualidade ferrenha. Ainda unida com a exigência de constante redução de custos e um apego ao descartável. Isso cria um ambiente de estratificação social que faz erguer novas barreiras a conquistada mobilidade fazendo nascer um novo império: o do capital.
Se pudermos representar graficamente a sociedade monárquica a figura geométrica que melhor se adequaria seria a de uma pirâmide, onde em seu topo ficariam o monarca e sua nobreza. Contudo, a despeito de uma generosa porção de modificações estruturais a pirâmide ainda representa com precisão o sistema capitalista. E o acesso ao topo, mesmo nos dias atuais é menos resposta de dedicação e empenho do que as condições de possibilidade desse acesso oferecida pelo próprio capital.

Se as mudanças efetuadas pela revolução francesa e pela revolução industrial foram bastante benéficas para a história da humanidade, ainda não creio que tenhamos alcançado Liberté, nem Egalité, muito menos Fraternité. Não será momento de se revolver novamente nossas estruturas conceituais e colocarmos em questão nossos próprios caracteres distintivos de modo a promover o desenvolvimento de um novo modelo social, genuinamente humano onde a cooperação seja mais valiosa que a competição; onde a gentileza seja mais valorizada do que a vitória; onde o alimento chegue ao seu consumo independente do lucro que ele possa produzir? 

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