Hábitos de consumo!

Por (Jadir Mauro Galvão)

Geladeira, fogão, ferro elétrico, máquina de lavar roupa, celular...  Todas essas coisas são classificadas dentro da economia como “bens duráveis”. Contudo, ultimamente eles não andam durando muito! Por mais que estejamos satisfeitos com nosso moderno aparelho de celular, ao cabo de pouco mais de um ano, se tanto, ele dará seus evidentes sinais de esgotamento. 
A bateria já não segura carga e o aparelho desliga no meio da ligação, ou então sua carenagem já apresenta riscos que o enfeiam, ou somente porque ele não está mais na moda. Claro, poderíamos adquirir outra bateria, trocar a carenagem, mas muitos sabem que para efetuar tais reparos ficaria “quase” o mesmo preço de um aparelho novo e mais moderno. Então trocamos. 
O mesmo vem se dando com outros tantos bens duráveis. As peças do motor ou do mecanismo de funcionamento de geladeiras e máquinas de lavar roupa, após seu desgaste natural (ou proposital!), precisam de reposição. Em muitos casos somando-se mão de obra e tudo mais, a manutenção fica financeiramente inviável. 
Essa é uma guerra entre produção e consumo que não se dá em pé de igualdade. Os aparelhos são feitos para ter uma duração pequena para podermos voltar a consumir o produto novo girando a economia. 
Não fosse apenas o problema de produzir lixo de lenta decomposição, impossível reutilização e de difícil reciclagem. 
O próprio fato de sermos manipulados já é revoltante. 

Acho que esse é um ponto central no fraternalismo. Acho que uma nova postura deveria ser a de recuperar a todo custo nossos bens duráveis. Consertar, consertar até realmente não dar mais, mas, sobretudo, mapear as empresas fabricantes para que elas mesmas durem tanto quanto seus produtos. 
Uma empresa que fabrica bens que não duram, também não deveria durar! Esse seria um grande “selo verde” de consumidores conscientes. 
Claro, que precisaríamos mudar também nossa postura. Falamos em reciclagem e até jogamos nossas garrafinhas e latinhas no lixo reciclável, mas não reutilizamos. Uma mesma garrafinha pode ser usada por bastante tempo, mas logo vai para a reciclagem sem antes ser reutilizada para outros fins.
Não se trata de refrear os avanços tecnológicos, mas de ter um consumo consciente. A maioria das pessoas que tem notebooks ou celulares sequer utilizam 30% do potencial que a tecnologia oferece. Se a tecnologia é interessante e nos proporcionará um benefício compensador. 
Tudo bem! O que não podemos é ficar refém de uma compulsão pelo consumo. 
Ficar passivos ante a uma descarada manipulação! Claro isso irá exigir que olhemos para nossa televisão “velha” por mais alguns anos. Que nosso divertimento de explorar o celular novo fique para mais pra frente, mas pense bem: 
O aparelho que apenas sai da sua frente não deixa de ser problema seu. O que é feito desse aparelho? Será que se rastrearmos suas peças não as encontraremos em algum rio ou em algum lixão por ai em algum ponto daquela montanha de coisas mal descartadas, poluindo o lençol freático? 
Que confiança você tem de que o seu lixo será descartado ecologicamente? Não temos como garantir isso então que tal refrear nosso ímpeto de consumo somente a produtos realmente duráveis feitos por empresas também duráveis?

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