O fenômeno Microsoft

Nos tantos ano vividos em ambiente corporativo, e muitos desses foram na área de tecnologia da informação (TI), tive oportunidade de ouvir algumas historinhas bastante interessantes. Não posso atestar a veracidade desse causo, mas acho que podemos tirar dele algumas boas conclusões dele.
Os anos 80 marcam, por assim dizer, uma nova era no mundo de TI com a entrada em circulação dos PC’s ou os computadores pessoais. Para rechear essas maquinas maravilhosas várias empresas desenvolviam softwares e sistemas operacionais, aplicativos, bancos de dados e tudo o mais que pudesse trazer algum benefício para o usuário, tanto quanto lucro para seus desenvolvedores. À época eu atuava com computadores de grande porte, os chamados mainframes e não fiquei assim tão próximo de todas essas inovações num primeiro momento. Contudo me lembro de um amigo que desenvolvia soluções, mas não usava as facilidades da Microsoft, mas sim de uma de suas concorrentes a Borland. Ele me dizia que a Borland pretendia construir sistemas tolerantes a falhas humanas. Não eram todos que tinham facilidade de operar um PC então os erros de operação eram tão freqüentes como inusitados. Coisa que qualquer bom analista ou programador teria certa dificuldade em prever. Mas o objetivo era esse, uma corrida sempre no intuito de prever as ações mais absurdas e preparar o sistema para tolerar essas dificuldades.
Isso não era diferente no mundo Microsoft. As pessoas erravam, isto é, não efetuavam a operação que o sistema havia previsto como certa. Contudo, meu amigo me dizia que a estratégia da Microsoft era bem diferente. Uma mensagem bizarra aparecia na tela e assustava o operador e ele teria de detectar seu erro por si mesmo. No pior dos casos, quando o PC travava completamente dado o imprevisto do erro, ainda nos restava desligar e ligar novamente. Assim, magicamente ele voltava a funcionar normalmente. Costuma-se dizer que ao contrário da Borland, a Microsoft criou humanos tolerantes a falhas do sistema.
Não que o modelo de uma seja melhor que o de outra, mas o que restou é que uma delas prosperou e abriu mais portas do que sua concorrente, criando, quem sabe, um precedente perigoso. Será que entre “portas” e “janelas”, outros produtos e serviços também não aderiram à mesma estratégia? Hoje vemos produtos e serviços falhos, de pouca qualidade e mesmo assim seus usuário tolerantes convivem com o desmazelo, quando muito aborrecidos, mas sem nada fazer.
O contingente populacional aumentou e as empresas de ônibus retiraram alguns bancos para poder transportar, em pé, mais pessoas com a mesma quantidade de carros. O celular não funciona e nos empurram outro aparelho. O sanduíche não é nem de longe o mesmo da propaganda, mas pegamos uma fila enorme para comprar. (ok, podemos escolher o brinquedinho para compensar). Os televisores e as geladeiras não duram, mas nos oferecem outro com uma tecnologia melhor (e mais cara!). Os políticos não cumprem o que prometem, as empresas não remuneram a contento e exigem mais certificações, mais especializações, maior empenho e maior desempenho.
Toleramos tudo isso aborrecidos, mas sem nos queixar. Desenvolvemos em alto grau a nossa capacidade de tolerância. Nos adaptamos a viver em condições severas. Contudo, em épocas em que a tecnologia busca criar um intercâmbio mais moderno de informações entre homem e máquina a ponto de aposentar o teclado do tipo máquina de escrever. Criar uma interface cerebral pode ser um tanto quanto arriscado.
Costuma-se dizer que o computador é uma máquina burra. De fato se não dissermos passo a passo o que ele deve fazer ela não fará. Computador não pensa e o teremos de nos adaptar ao seu jeito tosco de funcionar para pensar de modo mais burro e interagir com ele. O receio é que esse modo mais burro de pensar torne-se no futuro nosso único e correto modo de pensar.

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