Eu não quero me aposentar

(Por Jadir Mauro Galvão)

Em geral as pessoas buscam estudar aquela coisa mais atraente possível, desde que tenha empregabilidade, desde que tenha facilidade em ganhar seu sustento. Raros são os casos onde a escolha da profissão preconiza o sonho, o talento, a vocação. Desse expediente nasce o horror ás segundas feiras, a afeição desmedida ás férias, á sexta a noite.  Não se quer trabalhar com o que se trabalha, mas fazer oque? Foi o que a vida nos ofereceu! A busca pelo atalho nos coloca numa jornada árida e indesejável.

Mas não devemos imputar a responsabilidade somente no trabalhador. O “mercado” valoriza algumas atividades mais do que outras. Remunera melhor, é socialmente mais prestigiado. Imagine você se apresentando á família de sua futura esposa como ourives! Penso que este ainda seja um oficio bastante bem remunerado, mas médico ou advogado te conferem a outorga de “Doutor”. Assim conheci médicos que queriam ser músicos, analistas de sistema que queriam ser engenheiros, professores que seriam ótimos atores, mas...

Mas a escolha profissional não pode se transformar em cárcere, em destino. Eu comecei minha carreira profissional (depois de ser office boy!), como Programador de computadores, passei a analista de sistemas e, diga-se de passagem, adorava o que fazia. Contudo, mais adiante na carreira resolvi ser profissional de PNL, professor universitário de filosofia, escritor, e ultimamente venho me arvorando a conduzir um programa de rádio chamado Filosofia nas empresas, debatendo as coisas do mundo corporativo com gestores, empresários, doutores etc.

Nessas coisas novas ainda não obtive remuneração á altura dos tempos de vagas gordas do mundo corporativo em sistemas, mas faço o que faço com imenso prazer e deixo um legado de muito mais valor do que um programa bem feito ou um sistema bem elaborado. Em breve completo, nada menos do que quarenta anos de trabalho e nem penso em me aposentar. Ao contrário, faço planejamentos para os próximos quarenta anos.

Eu não quero me aposentar. Quero continuar trabalhando em coisas que me deem profunda satisfação. Que agreguem valor á vida das pessoas, mas também não quero trabalhar doze ou catorze horas por dia, tampouco todos os dias da semana. Tampouco tantos meses do ano. Trabalho precisa ser divertido, precisa gerar aprendizado para a vida, relacionamentos duradouros e verdadeiros. Precisa agregar valor para nossa vida e não somente dinheiro para o dono da empresa.


Aposto que não sou o único a pensar assim. Creio até que o problema da aposentadoria seria minimizado se as pessoas, após terem se sacrificado por tantos anos fazendo o que não gostam, pudessem efetuar novas escolhas. Algo de que pudessem se realizar pessoalmente, ou no mínimo receber uma remuneração realmente apropriada. Trabalhar com algo de valor e serem valorizadas por isso.

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